24 abril 2011

Renda-se

Ontem foi mais um dia em que acordei - como de costume e apesar de tudo - disposta, musical e sensível e feliz por estar no 4º dia de R.A.
Aliás, sobrevivo graças as trilhas sonoras que tenho dentro e fora de mim  e às minhas superações, mesmo que discretas e íntimas.
Mas, no decorrer das horas, o mundo despertou e tudo foi perdendo a graça e o brilho, os sons e as cores, para dar lugar à enfadonha rotina imposta pelo que me cerca. Ou, pior, pelo que me cerco.
Tal insuportável (d)existência, lá pelas tantas e depois de cumprir minha jornada (sic!) doméstica, me fez mergulhar num livro mágico mas de pouco efeito naquele lodo escurescento em que tudo se tornara.
Adiantei as horas para que eu fosse logo dormir e, na tristeza, senti meu pai muito perto de mim.
No início, pensei ser a presença.
E logo me dei conta que o que eu sentia, na verdade, era a sua ausência.
Descarrilei num desamparo profundo e as lágrimas brotaram tão grossas e tão abundantes, que me perdi.
Pensei em ligar pra Psi pra ver se poderia aumentar alguma dose dos medicamentos.
Também pensei na minha Mãe-de-Santo, pedir um axé.
Ou na minha melhor amiga, que sempre me ouve.
Bastou lembrar que tenho a quem recorrer e que tarde da noite de um feriadão ninguém merece minhas lamúrias, para dar uma trégua aos meus poucos dias sem Rivotril.
Dobrei a dose e, apesar do barulho pra lá de provocativo, amoleci e dormi.

20 abril 2011

Fim da semanada de restrição alimentar.
Ufa! Eu consegui!!!
Mas meu metabolismo, não.
E meu humor nunca esteve tão oscilante.
Foda-se!
Ao menos a dor de estômago se rendeu bastante.
E tudo isso me animou a iniciar, pela enésima vez, o VP.
Pãozinho no café da manhã não tem preço.
Só algumas muitas calorias que bem ordenadas não se apegam às partes nobres do corpitcho.
VP no climatério de uma compulsiva, cujo metabolismo tá devagar, quase parando, é uma luta e tanto.
Bóra lá.
Tudo isso faz parte da necessidade de equilibrar essa tal bipolaridade, que me atormenta há anos e só agora foi nomeada e devidamente medicada.


17 abril 2011

Estou no 4º dia da tal restrição alimentar e as dores no estômago deram uma trégua.
Ontem, foi o pior dia pois tive que conviver durante ininterruptas dez horas de lanchinhos, quitutes e delícias apetitosas e totalmente proibidas para mim !!!.
Foram imagens e aromas torturantes me assombrando e eu ali, tendo que me contentar com o sopão e as frutas que tive de levar  comigo ao evento onde o social acontecia, justamente, onde estava toda a comida que eu não podia comer.

Passadas as primeiras seis horas, eu já não me aguentava mais...queria sair dali correndo... meu estômago -  antes dolorido -  agora se retorcia de revolta e frustração.
Pensei ter entrado num transe quando, no meio da conversa com as pessoas, o som que emitiam sumiu e só via suas bocas comendo e falando coisas que eu não conseguia ouvir ou entender.

Quando consegui vir embora, cheguei em casa num estado lastimável!!!
Eu queria chorar, gritar e........ comerrrrrrrrrrrr, comer muito, comer tudo, fosse alimento ou não!!!

PQP! Que falta faz um carboidratozinho pra alegrar a vida da pessoa!
Então, resignada e faminta, tomei mais um balde de sopão.

Sopão, sopão, sopão!!!
Só mais tres dias pra saber se valeu a pena.

Tenho compulsão alimentar, sim!
E a abstinência é como outra qualquer: um horror!!! uma tortura!!!

Ainda estou com vontade de chorar e, claro, de comer.
Mas agora vou até o fim!
Afinal, é mais uma maneira de me chicotear, de me punir por ter perdido o controle e engordado tanto.
Também é uma ato de amor, de me acariciar, de evitar a dor física e a emocional.
E, quem sabe, recuperar a harmonia psíquica e estética, há tanto negligenciada.


13 abril 2011

Esse tal de Azepinol é quase um rock'n'roll na minha veia!!!
Daí vem o Rivotril , manda minha euforia pra ...rima!!! E vicia...
Manda mas não vai...tanto que estou aqui com os olhos estatelados ainda, sem nem ao menos um bocejo pra me mandar pra cama.
O bacana é que, mesmo sem sono aparente, após fritar de um lado para o outro, consigo dormir ainda que tardia.
Li  na rede ou vi na tv que se deitarmos em decúbito dorsal esquerdo, os pensamentos aceleram e o sono demora.
Já, no direito, se relaxa mais fácil e o sono vence.
Pior é o estrago que faz porque a compulsão alimentar ficou desenfreada e essa química toda é altamente corrosiva pro estômago e afins. Bleargh!

Com todo esse coquetel tarja preta, o que me anima e dá esperança num caminho de cura é o supimpa Sulphur, que traz à tona mais dos meus sonhos loucos!
Tá certo que este homeopático se juntou com a tpm e ajudou a estourar alguns pelotes nas áreas nobres mas...quem liga? Ééééé...quem liga???

Sulphur é pauleira! Desenterra coisas, assuntos, lembranças, numa velocidade enlouquecedora.
Uhuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!! Pensei que fosse pirar de vez...
Dias e dias sem poder trabalhar.

Até agora só não entendi qual é da Arnica Morata.
Mas se a doutora prescreveu, logo na primeira consulta, ambas tem meu crédito.
A Arnica e a doutora.

12 abril 2011

Só comi arraia uma única vez.
E adorei!
Foi na Ilha das Peças.
Foi a prima Rosina quem fez o maravilhoso guisadinho, mesmo jurando não comer nem sob tortura.
Segunda ela e todos da ilha, é um alimento muito 'remoso', ou seja, ruim e pergioso para quem tem/está com feridas abertas pelo corpo.
Entendi ser um anticicatrizante.
Enfim, foi outro primo nos deu o pedaço nobre da arraia já que o resto todo é venenoso.
Aliás, na referida ilha, todos somos primos, por parte de meu pai.
Resumo da ópera: ontem à noite ganhamos da vizinha uma arraia fresquinha, recém chegada do litoral.
Ui...não sei o que é maior: a preguiça de fazer ou a delícia de comer.
Mesmo um tanto contrariada, salguei a dita hoje cedo mas não tenho uma faca afiada para cortar em diminutos pedaços que tal iguaria requer.
Irritada, claro, pensei em todas as possibilidades:
- Devolver o presente, seria tamanha ofensa;
- Jogar fora, é totalmente contra o que penso sobre a fome mundial;
- E meu repúdio à matança indevida de seres vivos para alimentar a soberba humana?
Portanto, lá está ela, salgada e empacotada, na geladeira.
Se ao menos eu tivesse uma puta de uma faca afiada...
Quase não uso, quase não faço carnes porque quase não como bicho.
E de quase em quase, estou quase surtando com o derredor deste quase meio dia com toda a tribo ainda em sono profundo.
Como podem dormir tanto?

Noite de outono coalhada de tímidas estrelas.

foto:maremultimundo
(clique na foto para ampliar e ver as estrelas...)
Eu falo muito. 
Sempre tenho o que dizer, desde que não seja pressionada, por exemplo, com ligações telefônicas demoradas.
Aliás, detesto telefonemas, prefiro os torpedos, recados e emails.
São mais simpáticos, deveras democráticos e menos invasivos.
Sim, eu falo muito.
Aliás, adoro falar para quem precisa ouvir.
Mas também sei ouvir, quando necessário e útil ao interlocutor.
Contudo, não me peça atenção para ouvir histórias, cursos, palestras  e/ou conversas longas onde o final só é revelado ...'no final' .
Ou tão óbvio desde o início que dispensa todo aquele blá blá blá.
Claro que o todo, o corpo da coisa toda, me interessa.
Porém, é fundamental saber o gran finale já nos primeiros acordes.
Caso contrário, minha atenção se volta para a nuvem que passa em forma de joanete ou para o vôo manco de algum inseto indesejável.
E bem assim desligo do presente e entro no modo mata escura onde acontecem inimagináveis brainstormings, muito úteis pra fazer um update na minha santa paciência.
Santa paciência, esta, que dedico naturalmente ao meu trabalho e tudo que nele orbita.
No mais, seria demais.

10 abril 2011

Dói a boca do estômago, de tanta ansiedade.
Dói do (d)efeito tarja preta.
E, pior, dói de tanto engolir sapo, tijolo e o escambau!
foto:maremultimundo

Logo após os granizos despencarem do alto pra pipocar o asfalto, o sol se esparrama em fragmentos de luz na escuridão úmida dos que olham para baixo.

09 abril 2011

As coisas que acontecem, ou deixam de acontecer, se acumulam umas acima ou abaixo das outras que já são tantas num quase nada.
Tudo vira um grande e maravilhoso caos até caírem no vago, profundo e (des)confortável ostracismo existencial em que transito nas horas que esqueço quem eu sou e/ou nas que lembro de quem eu não deveria ser.